Num período conturbado da vida portuguesa, seja a nível governativo seja a nível desportivo, em que infelizmente vemos facções a serem criadas, dividindo e gerando distúrbios entre as pessoas, penso ser da mais elementar importância o esclarecimento sobre as razões da criação deste blogue e da imagem e ideologia algo revolucionárias.
A revolução que defendo e que procuro fomentar nos que me lêem está nos antípodas da que lentamente vem crescendo no futebol português através da violência gratuita, do insulto, da demagogia, do cinismo e da falta de princípios. Não pretendo de forma alguma instigar os meus leitores a enveredarem por uma ideologia de guerrilha física ou violência verbal. Pelo contrário. Procuro informar no sentido de todos terem nas mãos mais dados que lhes permitam analisar, reflectir e agir sobre o futebol português de uma forma urbana e civilizada. Mas agressiva (no bom sentido) e enérgica.
O histórico das sociedades revela-nos que o pior inimigo das massas é a ignorância e a consequente deficiência na visão da realidade. Com maior conhecimento de causa, as pessoas tendem a uma melhor compreensão dos fenómenos, a uma mais assertiva identificação dos problemas e a uma maior probabilidade de lutarem por aquilo em que acreditam. É com esse intuito que procuro informar, não para que se gerem sentimentos vingativos e/ou belicistas.
Quero, queremos, uma mudança no paradigma do futebol nacional. Uma limpeza de hábitos pouco recomendáveis, ilegais, que afrontam o estado de direito e a verdade na competição que a todos apaixona. Saibamos, portanto, evoluir com o conhecimento que temos, com a nossa inteligência, com a nossa lucidez, com o nosso amor ao desporto, e potenciar a queda dos que nele vêem uma ponte para o sucesso a todo o custo e para a mentira competitiva que se repete, perpetua e eterniza há já demasiadas décadas.
Para este objectivo, conto convosco, com as vossas informações, com registos que possuam, com opiniões fundamentadas, sustentadas em dados que me permitam elaborar textos ou inclusivamente passar na íntegra neste blogue os vossos elementos de investigação. O "O polvo dos papalvos" não pretende ser apenas um meio para eu difundir conhecimentos sobre o mundo futebolístico nacional. A eles juntar-se-ão, se houver elementos credíveis, colaborações vossas, no sentido de divulgarmos ao limite máximo que pudermos a podridão em que estão instalados os dados deste jogo viciado.
E todos ganharemos com isso. Sejamos adeptos de que clube formos, penso que será consensual que um futebol limpo de promiscuidades e corrupção, em que a competição é feita e ganha pelo mérito desportivo e não por jogadas de bastidores, será melhor para todos e dará mais prazer a todos os que amam este fantástico desporto.
Aproveito até para chamar à discussão colegas meus, gente que queira contribuir com o seu conhecimento, com o seu historial de proximidade com os dirigentes e protagonistas principais do futebol nacional, mesmo que anonimamente, como eu o faço - aproveito para alertar, especialmente ao Joseph Lemos e ao Manuel, mas para todos que queiram divulgar o seu material, que podem enviar-me as informações para o correio electrónico. Certamente não seremos nunca demasiados nesta revolução pela justiça e limpeza desportivas. Proponho inclusivamente que, impulsionados com a ideia de criar este blogue e que não é inovadora (outros houve que existiram e que, estranhamente, desapareceram da blogosfera), os colegas criem outros blogues na mesma linha para que a reflexão seja mais aprofundada e analisada de várias perspectivas e vozes.
O futebol português necessita de uma mudança séria alicerçada no repúdio e conhecimento do passado. De uma discussão séria da actualidade e de um historial de memórias, que nos permita encontrar um rumo esclarecido que fuja daquele com que temos tido de conviver. É esse objectivo que proponho aos que aqui queiram vir.
De momento, deixei a caixa de comentários aberta a todos, na vontade de que as pessoas confrontem perspectivas e argumentem da melhor forma que saibam sobre as suas convicções. Espero poder mantê-lo no futuro. Se o "ruído" for demasiado, fecharei a porta aos "anónimos". Bem sei que, mesmo tendo um nome, se podem dizer muitos disparates. Mas pelo menos nesse caso poderemos identificar um historial de disparates. O que já não será totalmente gratuito.
Agradeço uma vez mais a todos os que acreditam num futebol verdadeiro e peço que se juntem a mim nesta luta. Sem armas, sem pedras, sem fogo, sem violência. Com a força da memória, com a força das nossas convicções, com a força da nossa índole, da nossa educação, do nosso amor. Vencê-los-emos com a verdade.
No dia posterior à morte de Artur Agostinho, homem extraordinário que conheci de perto, não sendo seu amigo íntimo, o mínimo que podemos fazer é homenageá-lo com a nossa luta.